Quem me dera nunca ter nascido
nunca te ter conhecido
nunca ter tido tanto
para não saber o valor
de não ter nada;
Nunca ter tido amor
para não saber o que é estar só;
Nunca me ter sentido feliz
para não perceber
o que é sofrer.
Quem me dera não viver neste mundo
só meu, egoísta, de sensações,
um mundo de luas, chuva e trovões
um céu de tempestades
nos rios desaguam vontades,
os mares estão secos
o vento destrói tudo
o ruído, existe mudo.
É triste chegar à conclusão
que quanto mais sei menos sei,
quanto mais cresço, mais ingénua
esqueço-me de quem sou, o que dei
esqueço-me do porquê de existir
esqueço-me daquilo que me faz sorrir,
ando a remoer naquilo que não tenho
ando a sonhar com aquilo que não posso ter
e esqueço-me de parar para viver
parar, fechar os olhos e respirar
sentir-me feliz porque posso ver
porque posso ouvir, sentir
deveria ser suficiente
mas passo de ambiciosa
a gananciosa,
por já não ter limites
porque tudo cai para o menos infinito
porque já nada me parece bonito,
porque tudo o que faço é imperfeito
porque faço mal a cama onde me deito,
posso ter tudo que pouco me vale
espero que isto não seja esquizofrenia
que seja apenas mais um dia
daqueles que me apetece
embirrar comigo própria,
a alma também aquece,
também tem que ser alimentada
com um pouco de fachada
exagerada.
Mariana Cruz
2009
inha saudades de ler coisas tuas.
ResponderEliminar