segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Absorvo


Absorvo o que me rodeia
para me sentir possuída
de uma nova ideia.
Sugo toda a tua força
quando me deitas no chão
com a esperança de uma alma
que só quer inspiração.
Absorvo a tua música
quando deixa de ser só tua
para me sentir completa
mesmo sendo olhada nua.
Sugo todo o teu saber
nas palavras que cospes
com o intuito de parecer
e esperar que um dia gostes.
Absorvo o teu bem
pra que libertes o pior
e o "tu" que não sabias quem
sinta essa espécie de amor. 
Sugo como se fosse Deus
Deus do pecado mundano,
dos meus podres faço os teus
faço o divino em humano.
Absorve o teu olhar
que escondes ao pestanejar,
bebo o teu ar num beijo
o teu licor num desejo.
Sugo o espirito 
por detrás da máscara
com traços perfeitos
e textura aspera.
Absorvo e sugo tanto
guardo tudo dentro de mim
Sofro deste vício, encanto
e só consigo viver assim.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Vocês

o problema são as mulheres
as fêmeas ,as vaginas
aqueles buracos negros do mal
que tentam parecer finas,
temo-los para essa função
sugar, sugar o que nos rodeia
sugar sem saber quem são
sugar a podridão mais feia
somos penetradas por o que nos é dado
e assim, dentro de nós cresce o pecado,
o homem, pelo contrário é lindo
pela sua pureza e simplicidade
porque aquilo que faz
faz com vontade,
nós mulher fazemos por maldade
somos diabinhos
em corpos fininhos
em  curvas hipnotizantes
e mentes de amantes,
amor falso, que só sabe odiar
somos calculistas
e não sabemos cuidar.
nunca me senti mulher
nunca me senti homem
sempre me senti no meio do sexo
desprezada por mulheres
que me odeiam ferozmente
e amada por homens 
que amam de modo diferente.
as mulheres que pensam como mulheres
são seres, coisas, animais impares
são porcos com colares de pérolas
que reluzem e ofuscam olhares.
desperdiçamos o dom de criar
e usamos-lo a nosso favor
com o intuito de sugar, chupar, sugar
sugar tudo, até desaparecer o amor,
até restar apenas o desespero
o desespero de querer sugar mais almas
de destruir mais mulheres
e assim voltarmos a ser calmas.
sempre fomos vistas como sereias
em que tudo é considerado perfeito
vozes doces, cabelo de deleito 
perfume de frutas, sorriso e peito
tácticas monstruosas
técnicas minuciosas
que faz das mulheres
as criaturas mais maravilhosas(horrorosas).








quarta-feira, 5 de junho de 2013

Mais (+)


Espeta-me facas que eu adoro
mente-me que eu namoro
engana-me que eu não choro
vai-te que eu imploro.
De esperta não tenho nada
sou mais uma perdida na rua
uma cadela abandonada
triste, magra, esfomeada.
Sou um bebé recém-nascido
ingénuo e sem consciência
que este mundo é demência.
sou tudo menos aquilo que digo ser
não sou o que faço transparecer
sou tudo menos aquilo que penso
só cresço na minha mente
sou tudo menos aquilo que sou
sou algo longe de ser gente,
sou o oposto de mim mesma
sou eu própria ao não o ser
não sei quem sou e quero saber
sei que sou horrível de se ter
mas tenho-me todos os dias
este fardo
vazio mas pesado
sensível e magoado
azedo, gelado.
espeta-me facas que eu quero
mente-me que eu acho sincero
engana-me que eu tolero
vai-te de modo severo.
eu vou estar aqui
à espera de ti
da maneira que sempre estive
do modo que sempre irei estar
faço-o, espontânea e livre
faço-o por adorar
porque gosto de esperar
porque gosto de gostar
porque gosto de te fazer pensar
que tudo isto é verdade
que sou pura
e transpiro sinceridade
gosto de te fazer pensar
que és capaz de me entristecer
que por gostar, também vou sofrer
que estar, é sinonimo de me ter.

Penso


quando anoitece penso
não sei se é demasiado
se é pouco e mal pensado,
afinal… não há um medidor
não tenho ao que comparar
a quantidade de eu pensar,
sei que tento não me lembrar
disto, disso e daquilo
mas eu penso nisso ao não pensar
penso que tenho que esquecer
penso que se não penso não vai doer
penso num modo de me enganar
penso que não posso recordar,
é como esconder a comida que não gosto
por baixo do tapete da cozinha
eu sei que ela vai estar lá para sempre
eu sei aquilo que se avizinha,
sei que a vou reencontrar
sei que novamente não vou gostar
mas ela vai lá estar
pior, mais podre, mais feia
irreconhecível
sem ser comestível,
com um cheiro nauseabundo
que me vai fazer vomitar
irá tirar as memórias do fundo
e vai-me fazer pensar
porque não pensei em comer
enquanto estava apetecível
agora se como,  vou morrer
a história era previsível
mas preferi não pensar
e agora tenho fome.
penso para adormecer e não pensar
durmo sobre esses pensamentos
que retiro dos meus momentos
mas atormentam-me no meu sono.
enraivassem-se na forma de pesadelos
pensamentos…. é te-los
numa guerra inconsciente
que me tenta fazer frente.
sonho, durmo e vivo-os
são noites de tempestade
em que os pensamentos querem
e eu faço a vontade.
acordo e penso que me esqueço
ou esqueço-me que penso
não quero sequer pensar…
dói tanto saber que sei
saber que não quero saber
e que pensar vai doer,
mas a dor da sabedoria
atenua-se por aquilo que é
eu penso, penso muito
e quanto mais penso mais bebé.

Hoje


é claro que amanhã passa
ontem ameaça
hoje não acho graça
amanhã passa,
ontem disfarça 
hoje é a desgraça
amanhã passa.
ontem estava lassa
hoje não sei que faça 
é obvio que amanhã passa,
ou não.
há 3 dias o hoje era amanhã
a esperança outra manhã
o ontem era o presente
e nada está diferente.
Hé 3 días escrivía este poema
pensava no mesmo tema
vivia igual dilema.
daqui a 3 dias
não sei se vai passar
se veio para ficar
ou apenas para estar.
o sol já foi e ele não
continua no seu verão
que me faz arder por dentro
num inferno de amor
arde, esta quente, faz calor.
tanta luz tão escura
faz de mim própria tortura
torna a paz em loucura
possui-me, é forte, dura
e alegremente murmura…
amanhã passa.
ontem estava baça
hoje ganhou carcaça 
é claro que amanhã não passa.

Mar


quando saio á rua
as minhas mãos tremem
com uma vontade só sua
e ânsia de vir escrever.
quando ouço a chuva
relembro o vento tropical
que vivi outrora
e nunca senti igual.
quando vejo o nevoeiro
imagino a maré
de um mar traiçoeiro
que sei que não está ao pé.
quando sinto o vento
penso em rebentar de ondas
mudo o tempo
mudo o momento,
mar bravo da meia noite
que é simplesmente calmo.
quanto vejo agitação
sei que é termo equivalente
a noite de solidão
e a triste estado de mente,
sou infeliz ao estar contente
triste ao ser feliz
desvalorizo o presente
desejo que ele vá embora
vivo um estado doente
de querer acelerar a hora
que a priori me arrependo
mas faço com igual força
quero, mesmo tendo
e sabendo 
que me vai matar.
o tempo é o criminoso
que eu não sei como odiar,
porque há noites em que o amo
que lhe pego na mão
e aponto a faca
para o meu coração.
bebo para o esquecer
bebo para não ter que o ver
para me descontrolar
para apagar
a palavra rotina,
que me rebobina
que me diz quando comer
quando dormir, quando não beber
hoje, contradigo o quando
bebo sob o meu comando
bebo porque é bom beber.
quando digo bebo,
digo escrevo
digo (não) sinto
digo vou nadar lá fora
afogar-me na agua doce
como se mar fosse.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Gato


A apatia faz-me mal
Também a saudade
saudade do que não volto a sentir
saudade da vontade
de querer fazer sorrir
saudade da maldade
ser capaz de deprimir,
saudade de ter saudade
e de ter que mentir.
A felicidade mata-me
assim como a lucidez
tenho sorte e não a quero
tenho tudo e não me esmero
sei, sou e e estou 
quero, tenho e não dou.
ui… o amor…
esse prato frio e caducado
que tento mastigar
e não pensar que é salgado
que trinco,duro e engulo
que empurro com um copo de vinho,
que como porque tenho fome
que me mata a cada bocadinho,
o amor, esse pedaço de carne
ali parado, a ser observado
como um veado atropelado
comido por um leão esfomeado.
O amor faz-me mal
também a falta dele
A falta de um doce de chocolate
que derrete e não se parte
que entra na boca e se reparte
que escorre como leite
e se saboreia como natas,
que fica pegajoso
de um modo maravilhoso.
Ser eu faz-me mal
Assim como entender-me,
É ser mártir por opção
Escrava do coração
é querer ser o que os outros são
Por mais simples e tontos...
eles sabem para onde vão.