quarta-feira, 5 de junho de 2013

Penso


quando anoitece penso
não sei se é demasiado
se é pouco e mal pensado,
afinal… não há um medidor
não tenho ao que comparar
a quantidade de eu pensar,
sei que tento não me lembrar
disto, disso e daquilo
mas eu penso nisso ao não pensar
penso que tenho que esquecer
penso que se não penso não vai doer
penso num modo de me enganar
penso que não posso recordar,
é como esconder a comida que não gosto
por baixo do tapete da cozinha
eu sei que ela vai estar lá para sempre
eu sei aquilo que se avizinha,
sei que a vou reencontrar
sei que novamente não vou gostar
mas ela vai lá estar
pior, mais podre, mais feia
irreconhecível
sem ser comestível,
com um cheiro nauseabundo
que me vai fazer vomitar
irá tirar as memórias do fundo
e vai-me fazer pensar
porque não pensei em comer
enquanto estava apetecível
agora se como,  vou morrer
a história era previsível
mas preferi não pensar
e agora tenho fome.
penso para adormecer e não pensar
durmo sobre esses pensamentos
que retiro dos meus momentos
mas atormentam-me no meu sono.
enraivassem-se na forma de pesadelos
pensamentos…. é te-los
numa guerra inconsciente
que me tenta fazer frente.
sonho, durmo e vivo-os
são noites de tempestade
em que os pensamentos querem
e eu faço a vontade.
acordo e penso que me esqueço
ou esqueço-me que penso
não quero sequer pensar…
dói tanto saber que sei
saber que não quero saber
e que pensar vai doer,
mas a dor da sabedoria
atenua-se por aquilo que é
eu penso, penso muito
e quanto mais penso mais bebé.

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